FILHOS DO MAL - MATERIALISMO E AMBIÇÃO






Recentemente, um jovem me procurou para indagar se era correto seu pastor tê-lo disciplinado por ele ter entregue seu dízimo numa outra igreja. O rapaz, que possui um ótimo testemunho na sua comunidade evangélica, é músico ― por sinal um grande amigo de meus dois filhos, também evangélicos e músicos ― estava extremamente triste com a atitude de seu líder espiritual, pois teria manchado sua reputação diante da igreja. Eu lhe expliquei que essas coisas acontecem pelo fato dos pastores de hoje darem pouco valor ao estudo das Escrituras e pouco entenderem de seus direitos e deveres para com Deus, bem como até onde vão os limites de sua autoridade como ministros do Evangelho.

 O dízimo não é uma exclusividade do pastor, tão pouco de uma igreja, ele pertence ao Senhor. Portanto, pode ser entregue em qualquer templo, desde que seja cristão, independente da denominação. Caso contrário, estaremos declarando que o Deus da igreja X não é o mesmo da igreja Y, o que seria um tremendo erro. A Bíblia Sagrada nos afirma que Cristo é o Senhor de toda a terra, sendo assim, tudo todas as coisas lhe pertencem. Onde seu reino terreno chegar, lá nos é permitido por ele a entregar seu dízimo. Se num dado momento o cristão faz uma viagem e se encontra distante da igreja onde se congrega, poderá entrega-lo numa outra, naquele local em que se encontra durante suas andanças?

 Lógico, se está no meio dos irmãos em Cristo nada o impede de entregar ali o que pertence a Deus, até porque é dele e não do homem. Esse é apenas um pequeno exemplo dos erros doutrinários encontrados nas igrejas deste século.
 Pastores famintos por dinheiro para bancar suas vidas altamente luxuosas, cujo padrão social excede o que o Senhor determina aos seus sacerdotes (ministros) em sua Palavra, pois desde os tempos antigos ele determinou que os líderes de seu povo não acumulassem, para si, bens materiais nem mulheres, apenas o que lhes doem a igreja deverá ser sua possessão: “Eles terão uma herança: eu serei a sua herança. Não lhes dareis, portanto, possessão em Israel; eu sou a sua possessão.

 Eles comerão a oferta de alimentos, e a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa; e toda a coisa consagrada em Israel será deles. E as primícias de todos os primeiros frutos de tudo, e toda a oblação de tudo, de todas as vossas oblações, serão dos sacerdotes; também as primeiras das vossas massas dareis ao sacerdote, para que faça repousar a bênção sobre a tua casa”. (Ezequiel 44:28-30) “Porás certamente sobre ti como rei aquele que escolher o Senhor teu Deus; dentre teus irmãos porás rei sobre ti; não poderás pôr homem estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos. Porém ele não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o povo ao Egito para multiplicar cavalos; pois o Senhor vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. 

Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração não se desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si”. (Deuteronômio 17:15-17)  Não é próprio dos líderes do povo de Deus o direito de acumular riquezas materiais. Essa sempre foi, e ainda é, uma prerrogativa divina. Tanto fazia ser um rei ou sacerdote, naquela época estariam proibidos de juntar para si bens materiais. Hoje, a igreja representa, em sua totalidade, o sacerdócio santo do Senhor. Todos nós somos sacerdotes de Cristo e, portanto, não deveremos viver ansiosos à procura de riquezas materiais deste mundo.
Pedro, em sua carta, afirmou: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma. Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem”. (1 Pedro 2:9-12) Logo, se somos sacerdotes do Deus Altíssimo neste mundo, com a sublime missão de anunciar aos pecadores a salvação por intermédio da cruz de seu Filho Jesus, então temos sobre nós os mesmos deveres dos sacerdotes levíticos, para que não vivamos ansiosos à procura de riquezas deste mundo, visto que nossa riqueza é o Senhor.

E, quanto aos nossos pastores, ocupam a mesma posição dos reis e sacerdotes da época levítica. Eles estão como líderes espirituais do Povo de Deus e devem ser os primeiros a dar bons exemplos neste sentido. Um guia espiritual ambicioso e materialista incentiva a igreja a se prender ao materialismo, quando a recomendação deixada por Jesus é o oposto. O Senhor nos admoesta, em seu Evangelho: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 

A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? 

E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fia. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas. Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. (Mateus 6:19-34)

Então, alguém irá se perguntar: “Quer dizer que porque sou um pastor ou líder de uma igreja não posso ter uma boa casa, um bom carro ou um dinheiro guardado que me possibilite viver confortavelmente?” Observe bem: Deus não quer que seu povo viva na miséria, quando ele proibiu os líderes de Israel (Levitas e os reis) de “acumular bens”, foi no sentido de enriquecerem. Lógico que os ministros do Senhor podem viver confortavelmente, aliás, devem fazer isso. Porém, apenas o necessário para dar conforto a família e não para criar escândalos ao nome da igreja e do Senhor. O que tem acontecido é que os pastores se tornaram tão ambiciosos, a exemplo do profeta Balaão, que já não se conformam com as bênçãos recebidas de Deus, além de suas casas confortáveis e do carro novinho e de boa marca, vivem acumulando milhões em contas bancárias, totalmente escravizados pelo amor ao dinheiro.

Para completar, depois do surgimento da maligna “Doutrina da prosperidade”, criada por homens amantes das riquezas deste mundo e sem nenhuma espiritualidade ou compromisso com o Evangelho de Cristo, a igreja evangélica e seus líderes tornaram-se cada vez mais inclinados a acreditar que prosperidade financeira é sinônimo de viver sob as bênçãos divinas, o que vai de encontro com os ensinamentos de Jesus, que disse ser o amor ao dinheiro inimizade contra Deus. Afinal, se essa ideologia demoníaca fosse verdade, ele mesmo teria vindo a este mundo como um homem muito rico, e não como um humilde carpinteiro, filho de um casal pobre e sem qualquer prosperidade material. Será que Cristo não era rico ao extremo antes de vir a este mundo? 

Os propagadores dessa doutrina maligna, não alegam que se Deus é dono do ouro e da prata seus filhos também devem acumular bens materiais? Sendo assim, porque ele enviou o Filho pobre para habitar neste mundo? Simples, queria mostrar aos líderes de seu povo e até mesmo para cada um de nós, que ser próspero materialmente não significa ser aprovado ou abençoado por ele, muitas das vezes, os pastores que andam esnobando riquezas, chegam nas suas congregações em seus carros luxuosos, adquiriram seus bens de forma ilícita, mentindo, enganando, usurpando a igreja, explorando os menos favorecidos, iludindo o povo sem sabedoria com falsas doutrinas e seus nomes, bem como de seus familiares, a muito tempo foram apagados do livro da vida e possuem cadeiras cativas no inferno.

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